terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

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Caro B.: você não faz, em absoluto, o "trabalho sujo" - a menos que tenhamos considerado inversões de valores capazes de por novamente “o mundo de cabeça para baixo". Nada é mais digno do que lutar por exemplos de integridade Humana, de solidariedade, de Amor, de Justiça, o que requer daqueles capazes de produzi-la generosas doses de obstinação a práticas dos melhores verbos tornados carnes. Mas, por outro lado, a história mostra o que acontece àqueles que erguem bandeiras onde estão estampados os próprios rostos: podem chegar à glória do reconhecimento e gozo de suas benesses inevitáveis, mas frequentemente são perseguidos e, quando não assassinados, forçados a qualquer tipo de exílio que, no fim, inevitavelmente os leva à tristeza, solidão e abandono. Hoje, como nunca, é fácil eliminar uma pessoa (sem que seja necessariamente preciso matar-lhe o corpo), mas nunca será fácil eliminar as boas idéias que motivam as pessoas a reagirem a injustiças e reconquistarem o que lhes é devido. O problema é saber exatamente o que nos é devido, e há muitos desejos e necessidades historicamente inventados e engendrados por um complexo que nos quer tão transitórios e descartáveis como os valores que produzem a nos seduzir e cegar. Daí minha preocupação em considerar os "benefícios" que nossos políticos (entre outros) têm - ou usufruem - graças a suas posições "privilegiadas" na sociedade, seus poderes e influências a determinação de nossos destinos, quase sempre catastróficos. Particularmente, por ter conhecido considerável parte representativa de outras realidades ao redor do mundo, entre as quais políticos de altos escalões de governos internacionais (entre eles um primo colecionador de títulos, através de quem parte desse mundo me chegou), perdi o interesse pela conquista de certos valores e posições sociais cultuados pela maioria dos que sonham pisar em tapetes vermelhos e possuir diamantes. Por tabela, não creio necessário estar em guerras para ajudar outros a conquista da possibilidade de que possam usufruir deles. Sei que você vai dizer que não se trata de lutar por tapetes vermelhos ou diamantes, mas apenas por dignidade e o “pão de cada dia”, direito de todos; e eu vou dizer que também a história nos mostra que a fome dos “homens” não tem limites. Além disso, como ainda no passado nosso atual mundo político é absurda e estranhamente perverso! Sou incapaz de compactuar das motivações dos que ainda ambicionam participar dele.

Um comentário:

Unknown disse...

Sobre o fragmento:

"A cegueira dos espíritos fragmentados e unidimensionais deve-se a falta de cultura”.

A alma é dividida em duas partes: a alma racional,aquela que é imortal a dita intelectual que mesmo com a morte do corpo, continua viva em suas idéias.E a alma irracional,aquela morre com o corpo.Então quando o espírito é propriamento cego - irracional em suas idéias - pode ou não ter o conhecimento de suas causas,ou seja, só podemos conhecer o objeto se conhecermos suas causas,caso contrário nada podemos concluir sobre o conhecimento.A doutrina kantiana também esclarece a incapacidade do homem conhecer a si mesmo ou ignorar a metafísica.

Ora,se o espírito é cego não necessariamente deve-se a falta de cultura.

Archidy Trigueiro